Roberto Rodrigues de Menezes.

Roberto Rodrigues de Menezes



segunda-feira, 5 de julho de 2010

Angkor, a cidade perdida.

Estátua de um dos deuses de Angkor, a cidade perdida do Camboja.
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As florestas do Camboja, durante cerca de seis séculos, esconderam do mundo templos e construções em ruínas onde havia existido um império da dinastia Khmer. O esplendor desta dinastia aconteceu entre os séculos XII e XIV, quando o ouro bordava as torres dos templos e elefantes com arreios dourados transportavam seus habitantes. Tudo isso acabou um dia e foi tragado por uma densa floresta tropical.
Estátua enorme de Visnu, um dos vários deuses de Angkor, descoberta em 1860 por arqueólogos e exploradores franceses. O Camboja na época era um protetorado da França.
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Buda, o iluminado, também foi objeto de culto e veneração em Angkor, a capital do império Khmer.
Bailarinas faziam a alegria dos homens da dinastia khmer.
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O culto a Buda misturava-se com a devoção a deuses hindus, pois a população era originária da Índia e regiões. Visnu e sua deusa Sita eram adorados. Esta deusa, de acordo com a crença local, teria sido raptada por Ravana, o demônio.
A montanha Sagrada (Meru) era o elo de ligação entre os nobres da dinastia e os seus deuses. O rei denominava-se "Senhor da Montanha".
Os templos, na verdade , também serviam de tumbas onde os reis, ao morrer, passavam a habitar com seu séquito. A monarquia khmer se revelava popular e seus habitantes tinham boas colheitas.

Templo funerário do rei Surayavarman da dinastia Khmer (Século XII).
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O império começou a ruir quando chegaram os Chams, vindos do Vietnã e do sul da China. A capital Angkor foi saqueada e praticamente destruída no final do século XII. Nunca mais seria a mesma. Brigas e mortes entre os nobres na luta pelo que restou do poder eram prenúncio do desastre total.

Templo em ruínas da cidade perdida de Angkor.
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Outro povos do sul da China, comandados pelos Thais, invadem a cidade no século XIV. A dinastia tinha seus exércitos enfraquecidos pelas constantes lutas internas e invasões de outros povos. Saquearam mais uma vez o império, promovendo uma grande mortandade. Os que não morreram foram escravizados. Começava o século XV e a dinastia Khmer chegava ao fim.
Em 1860 um grupo de exploradores franceses, ao procurar vestígios arqueológicos nas florestas do Camboja, pois sempre havia rumores de que lá existira uma grande civilização extinta, encontraram entre as raízes a estátua de uma bailarina. As escavações e os estudos consequentes mostraram, então, ao mundo científico, as ruínas da extinta Angkor, a cidade perdida da dinastia Khmer. Estas impressionantes ruínas fizeram com que o Camboja fosse incluído em rotas científicas e mesmo turísticas. Em 1953 os cambojanos obtinham a sua independência, com o afastamento dos franceses, instalando-se uma monarquia. Hoje, após períodos de ditaduras, o Camboja é uma monarquia constitucional. Sobreviveu a um período tenebroso de comunismo sangrento (1975-1978), quando um paranóico do "homem novo" chamado Pol Pot quase exterminou um terço da população em quatro anos, ao tentar reviver e se constituir o herdeiro da dinastia Khmer e fazer retornar as glorias de Angkor. As tropas do Khmer vermelho, sob seu comando, promoveram massacres e mortes depois descobertas por um mundo boquiaberto. Mas tudo caiu no esquecimento. O único genocida sempre lembrado nos livros e nas tevês é o recorrente Adolf Hitler. Em artigo próximo falarei aos meus leitores sobre quem foi Pol Pot, em cujo governo bebês eram arremessados nas paredes para que explodissem e os prisioneiros sem camisas tinham a sua identificação colocada com alfinete na própria carne.

Vassalos (em fila) dos deuses de Angkor, a cidade perdida.
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O Camboja se situa entre o Vietnã, Laos e Tailândia. Tem a banhá-lo o golfo de Sião, hoje chamado golfo da Tailândia, na parte sul do mar da China.
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Pesquisa: Revista Geográfica Universal de 1971.
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PS: Devo uma resposta ao meu leitor Fabiano sobre o artigo de ontem (Xana, o triângulo ideológico). O sabão de noga é (ou era) feito da noz que os açorianos (pelo menos os da região de Paulo Lopes) chamavam assim. É como se fosse uma amêndoa, uma baga. É retirada da árvore (não é a nogueira européia da noz do natal) e colocada no terreiro para secar, perdendo seu invólucro. Recolhe-se, então uma polpa que, misturada a sebo, mamão verde picado, um pouco de soda e ervas, são cozinhados em fogo brando. No ponto certo, aquela massa é colocada numa gamela de madeira ou latão para esfriar, sendo cortada em pedaços. A noga tem um cheiro um tanto forte que dá à roupa lavada um cheiro bem característico. Hoje este costume está extinto, pois sai muito mais fácil e menos operoso comprar sabão no mercado. Mas algumas pessoas ainda insistem em fazer, sendo o processo mais aperfeiçoado e, creio eu, sem a noga que o caracterizava. Dona Maria da Enseada de quando em vez me vende algumas barras que ela faz. São muito boas para limpeza na cozinha e na roupa mais comum.
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Um comentário:

  1. Caro Beto,

    Agradeço muito as pormenorizadas explicações sobre um hábito (o de elaborar o sabão de noga) que, dentre tantos outros, pode cair no esquecimento da minha geração e das vindouras. Continuarei lendo suas postagens no Blog e quando tiver alguma dúvida ou contribuição participarei!

    Abraço fraterno,
    FABIANO

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